O Lagar de Varas de Parada constitui, de entre dezenas de exemplares, localizados pelo território do Concelho, uma das mais singulares unidades lagareiras datável de finais do Século XIX
A sua musealização insere-se num vasto conjunto de iniciativas que o Município de Carregal do Sal, tem vindo a implementar ao longo dos últimos anos, tendo em vista a valorização, promoção e salvaguarda dos seus recursos patrimoniais, como forma de reforçar a sua identidade própria e o desenvolvimento social e turístico-cultural de todo o concelho.
A este projeto não podia deixar de estar incondicionalmente ligado o Museu Municipal Manuel Soares de Albergaria que, no âmbito da sua atividade de investigação e estudo da história local, assim como no quadro das suas funções museológicas. Procurou, com o apoio e participação ativa dos recursos humanos e materiais da Divisão de Obras Municipais, recuperar e reconstruir mais um testemunho histórico-arqueológico do seu passado recente tornando-o num núcleo museológico de interesse cultural e pedagógico e de fruição patrimonial para os diversos públicos.
Á luz desse passado memorial, alguns destes lagares perduraram no concelho ao longo das suas Ribeiras, Rio Dão e Mondego, desde a Idade Média até aos nossos dias, dos quais ainda não foi possível efetuar o seu total levantamento. Por sua vez, a desativação destes, desde meados do passado seculo, está diretamente relacionado com a introdução de inovações tecnológicas porquanto, aqueles estavam na sua maioria, associados a processos artesanais e á força motriz da água e a tração animal, como o caso presente do Lagar de Varas de Parada.
Neste contexto, pretendeu-se que a recuperação e preservação desta umidade lagareira, prevalecesse como um testemunho representativo da atividade ligada á produção do azeite, bem como da importância que este sector de atividade teve para a economia local ao longo dos tempos, a que não pode deixar de estar interligado testemunhos desse passado, como foi o caso da Casa da Tulha, localizada junto ao Mondego onde, muitos produtores eram, certamente, obrigados a entregar dizimas das olivas, ou seja, a entrega da azeitona, que era uma das principais fontes de rendimento agrícola dos senhores da terra.
Com efeito, o processo de limpeza e reconstituição do Lagar de Varas de Parada, permitiu colocar em evidência uma atividade de gerações que, até meados do passado século deram sentido e vida a todo aquele espaço físico.
Trata-se, pois, de um lagar desenvolvido em dois níveis de patamares: o primeiro corresponde aos pios, sendo o da direita mais primitivo por conter vasilhame cerâmico daquela época, e o da esquerda, mais recente, constituído em granito. O segundo patamar corresponde á zona dos pratos e das prensas e áreas de acesso contíguos aos pios.
A norte e ligeiramente ao centro da sala conservam-se as mós em pedra ou galga, destinada ao esmagamento da azeitona que, tudo indica, ter sido movida por tração animal. Na falta de estruturas ou vestígios encontrados, daqui a polpa, passaria, por processos manuais, para as prensas das duas varas existentes. O azeite e a agua que das seiras escorria seguia pela caldeira ali existente em direção aos pios, dando-se depois a decantação do azeite.
Por outro lado, foi detetada a estrutura onde assentava a caldeira de fornalha para aquecimento das águas destinadas á azeitona, á polpa e ao azeite.
Finalmente, constatou-se que se tratava de um lagar de duas pensas de vara, sendo interessante verificar que este tipo de lagar mantiveram as suas varas até há bem poucos anos. Por sua vez, o chão apresentava-se em terra batida, fazendo crer que todas as pedras do pavimento foram retiradas, com exceção do patamar superior que manteve vestígios da estrutura original e acrescentos mais tardios de cimento.
Por último, esperamos que a concretização deste projeto de musealização do Lagar de Varas de Parada seja um importante fator de dinamização e de fruição turístico-cultural para os diversos públicos e sirva de modelo á prossecução de outras iniciativas tendo em vista o aproveitamento e promoção dos recursos patrimoniais existentes no Concelho.
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